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São grelhas ferrugentas, infiltrações, humidade, esgotos a céu aberto, falta de condições em geral, tanto para os animais como para os funcionários do município que trabalham no Canil-Gatil. A situação foi exposta por uma das técnicas afectas ao equipamento, na última reunião de Câmara. Miguel Alves prometeu realizar as obras necessárias, faseadamente, mas também prometeu averiguar como semelhante situação foi possível, numa obra que custou aos cofres da Câmara quase 800 mil euros e que funciona há escassos cinco anos. A oposição ouviu e comentou moderadamente. Mário Patrício recusou responsabilidade e disse que não se passa nada de grave perante as imagens apresentadas e Flamiano Martins atribuiu a degradação à quantidade de animais.
"Estamos a falar de recursos, mas estamos a falar da qualificação e da estadia daqueles animais e das pessoas que por eles trabalham, do investimento da câmara e de uma questão de civilização", disse Miguel Alves, na sequência da exposição de algumas imagens chocantes.
Na opinião do presidente, há uma dupla perplexidade em relação a esta obra. Por um lado, o seu custo, a rondar os 800 mil euros, sem contar com as intervenções (várias) realizadas pelo município, quer directamente, através dos seus funcionários, quer recorrendo a empresas externas. Por outro, a degradação tão rápida de um equipamento que funciona apenas há cerca de cinco anos.
Miguel Alves deixou claro que o Município não tem, neste momento, capacidade financeira para fazer a obra necessária na sua totalidade, mas "já pedimos aos nossos serviços para tentarem elaborar uma gradação de intervenção, que permita imediatamente acorrer àquelas situações que são de absoluta urgência. Ao mesmo tempo, "vamos estudar esta situação, pedir aos nossos técnicos que façam uma avaliação da obra que foi contratada, do que constava do caderno de encargos, dos materiais que tinham de ser utilizados, para perceber o que custava 800 mil euros e o que temos lá".
Miguel Alves recordou também que o protocolo assinado em 2013 pelo anterior Executivo prevê a atribuição de um montante de 45 mil euros/ano à Associação Selva dos Animais e, além disso, obriga o município a um investimento, através dos recursos humanos, afectando ao equipamento duas técnicas superiores e mais quatro trabalhadores, num esforço de cerca de 120 mil euros anuais.
Mas no entender da agora oposição, o caso não será tão grave. Mário Patrício, chefe de Gabinete de Júlia Paula quando o processo se iniciou e ex-vereador das obras públicas no anterior mandato, colocou-se de fora deste processo, tendo afirmado que "relativamente a isto eu não sei dizer nada" porque quando veio para a câmara em 2008 já o processo estava em marcha, referiu, assegurando que "nem sei como compraram, a quem compraram, nem quanto custou".
Para Flamiano Martins não restariam dúvidas de que a manutenção do equipamento é necessária mas, existirá "uma deterioração muito maior porque a ocupação é superior aquilo que o abrigo pode comportar", um problema, admitiu, existente há já muito tempo.
Recorde-se que a construção do equipamento - Centro de Acolhimento Canil Gatil de Caminha foi entregue, na sequência de concurso público, à firma Armindo Afonso Lda., em 30 de Outubro de 2007, pelo valor de € 373 393,72. A obra esteve parada por diversas vezes e logo após se iniciarem os primeiros trabalhos. A adjudicação foi feita ainda com a presença de Bento Chão no Executivo, com funções. As restantes empreitadas acontecem já depois do afastamento do vice-presidente, com o pelouro das obras públicas nas mãos de Júlia Paula.
Assim, em 14 de Agosto de 2008, a Câmara entregava ao mesmo empreiteiro a obra "Trabalhos complementares no Centro de Acolhimento Canil-Gatil de Caminha", por € 100 503,91.
A terceira empreitada é formalizada em 16 de Outubro de 2008. O empreiteiro é o mesmo e a obra designa-se: "Estrutura de betão armado para barras de suporte" e custa € 55 890,00.
Em 11 de Fevereiro de 2009 é entregue ao mesmo empreiteiro a obra "Edifício de Apoio Canil-Gatil", por € 124 020,51.
À parte, o Município ainda terá adquirido outras componentes, como o pavilhão pré-fabricado e as barreiras acústicas. Quase 800 mil euros depois, animais e tratadores não têm condições.
Presente na reunião, no final, Idalina Torres, da Associação Selva dos Animais Domésticos, não escondeu o seu descontentamento: disse que a obra foi mal feita desde o início e agradeceu a atenção e as palavras do presidente, pedindo-lhe que faça agora as obras e apure responsabilidades, declarando ser do "partido do cão".
Texto retirado parcialmente do semanário Caminha2000
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